EXATTUS EDUCAÇÃO ESPECIAL





CAPACITAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL







NO PATRIMÔNIO ÉTICO-CULTURAL DA HUMANIDADE INTEIRA HÁ UM COMPORTAMENTO QUE NÃO PODE FALTAR: A CONSCIÊNCIA DE QUE OS SERES HUMANOS SÃO TODOS IGUAIS NA DIGNIDADE, MERECEM O MESMO RESPEITO E SÃO SUJEITOS DOS MESMOS DEVERES. João Paulo II





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terça-feira, 21 de junho de 2011

Disciplina Deficiência Visual- Profª Carmen Lia

ACESSIBILIDADE: PROBLEMATIZANDO A INTEGRAÇÃO DO DV NO CONTEXTO ESCOLAR

Olga Solange Herval Souza
Doutoranda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Na civilização ocidental conhecer se faz com o ver, então o ver é condição para conhecer. Dessa acertiva pode-se depreender que ter uma deficiência visual implica em pertencer a uma cultura na qual o conhecer se confunde com uma forma de percepção que ele não dispõe. Mas que é intensificada na sociedade contemporânea, onde tudo é pensado e produzido para ser visto. Souza, 1997.
Diante dessa perspectiva, o que representa acessibilidade no contexto escolar para um aluno com deficiência visual?Representa a facilidade na aproximação, na obtenção de alguma coisa. Significa ter permissão para ir, vir, possuir, sentir, falar, pensar, etc.
Em um sentido amplo, a visão se apresenta como um sentido importante na captação de estímulos, projeções espaciais, facilitando o relacionamento do sujeito no seu meio social. A pessoa através da visão, tem possibilidade de comunicar-se com outra, identificar objetos, distinguir cores, formas e tamanhas, conhecer lugares, distâncias, etc. Ou seja, a visão permite ao sujeito apropriar-se do mundo, no que tange a dimensões perceptíveis ao seu órgão próprio, o olho.
Assim, a questão da acessibilidade está presente em todos os momentos da vida de quem apresenta deficiência visual total ou parcial, pois na maioria das vezes, tem comprometidas  as suas relações pessoais através da exclusão social.
No inicio da escolarização o aluno com deficiência visual é vitimado pela ausência ou limitação deste sentido, por vezes este espaço físico lhe é totalmente desconhecido. Este desconhecimento seguramente, gera  insegurança e compromete a sua mobilidade. Por isso, é essencial que o espaço escolar lhe seja apresentado, de maneira que possa apropriar-se de referenciais que lhe sejam úteis à construção do seu mapa mental.
O deslocamento dos diferentes espaços escolares proporcionará ao aluno com deficiência visual, estímulos na memória e na organização espaço-temporal que irão lhe propiciar maior interação com o meio, evitando seu isolamento. Todos esses estímulos, e a relação espaço-temporal contribuirão para a construção do seu mapa mental em relação ao meio onde está transitando.
O acesso ao espaço escolar com autonomia é um processo construído individual que precisa ser estimulado e respeitado. O aluno DV necessita sentir-se à vontade, para falar, reivindicar, até mesmo protestar quando estiver sentindo-se prejudicado pela falta de atenção pedagógica, afetiva, etc., cabe-lhe o direito como qualquer outro aluno de buscar os devidos apoios. Não estou referindo-me apenas ao acesso, aos materiais adaptados, tarefa que me geral, é desempenhada pelas salas de recursos. Falo de uma atenção bem mais abrangente. Aquela de que todos necessitamos quando encontramos alguma dificuldade em um relacionamento com um colega, com um professor, em uma disciplina especificamente, e assim por diante.
Refiro-me aos recursos que são oferecidos a toda comunidade escolar (dentro da própria escola ou na comunidade) como, psicologia, orientação educacional, assistência social, neurologia, etc. Em geral o que se observa são atividades isoladas, grupais, somente com DVs, pensadas e planejadas pelos professores especialistas, que na maioria atuam juntos a salas de recursos ou em centros educacionais.
O movimento e o corpo como elementos para a acessibilidade, a percepção do espaço, a constituição do mapa mental assim como, a  internalização  da estrutura corporal são processos inter-dependentes que se relacionam na busca pela autonomia.
Segundo Píer Vyer são os distúrbios e as dificuldades da existência que nos fazem perceber a estrutura corporal, porque a construção mental do esquema corporal é ligada à história de vida de cada indivíduo, respeitando as influências culturais e individuais.
Desta maneira, a familiarização com o espaço, seja ele qual for, é um processo gradativo que se verifica na medida em que são oportunizadas a pessoa com DV, experiências concretas, de real significado. Na escola o processo não deve ser diferente, por tratar-se de um espaço amplo, requer a atenção e colaboração de todos, professores e alunos, sem o estabelecimento de limites em termos de tempo para que o aluno possa sentir-se seguro e autônomo e movimentar-se livremente.
As pessoas cegas, assim como as de visão normal, não constroem o seu esquema corporal sozinhas. Além do que a necessidade do diálogo é essencial, com os pais, professores e amigos, sobre o esquema corporal e a imagem do seu corpo.
Telford, aborda essa questão enfatizando que, se o diálogo verbal não for bem esclarecido, devido à perda de elementos da comunicação não-verbal (posturas, gestos, expressões faciais), a imagem do corpo deste sujeito poderá ficar deturbada podendo influenciar no seu movimento. Pois o movimento além de abranger atos motores, atinge a dimensão social, como o direito de ir e vir.
Segundo Telford y Syury as pessoas com DV são privadas de importantes pistas sociais, e apontam algumas dificuldades encontradas por estes sujeitos que, sem dúvida interferem na acessibilidade do processo escolar:
  • Impedimento direto à palavra impressa; - o que dificulta o acesso ao material didático no momento em que o professor o distribui ao restante do grupo-classe.
  • A restrição da mobilidade independe em ambientes não-familiares;- o que representa para qualquer pessoa que não vê, um começar de novo, sempre que adentra em um local desconhecido. Para uma criança isso repercute diretamente no seu modo de ser e perceber as coisas; e o professor, lamentavelmente, não está atento na maioria das vezes.
  • A limitação da percepção de objetos com grandes dimensões que dificultam a sua apreensão pelo tato; - no processo de ensino-aprendizagem isso precisa ser levado em conta, pois muitos conceitos não são assimilados pela falta de oportunidade de esperienciação através do tato. Uma das possibilidades de amenizar essa dificuldade é a confecção de maquetes com a utilização de vários materiais de acordo com os objetivos a serem alcançados. Este é um dos exemplos de como se pode apresentar a escola a um aluno com DV. Antes porém, é preciso que o professor conheça bem o seu aluno e saiba quais os conceitos dominados por ele, que são necessários para a observação e interpretação da maquete. Do contrário, perder-se-á tempo, material e disponibilidade de ambos, nesta nova experiência pois, pois será significativa e não estará adequada às necessidades do aluno e não atenderá os objetivos estabelecidos pelo professor.
Em regra, os professores do ensino regular reagem com muita ansiedade, e apreensão diante da presença ou possibilidade de atenderem os alunos com DVs. No entender destes professores existe um total despreparo para a realização das adequações metodológicas, recursos materiais, elencando uma série de dificuldades pelas quais passam a maioria das escolas públicas. Que aliás, são do conhecimento de todos, portanto, não servem mais como argumentação única para a não aceitação do aluno na escola regular.
A esse respeito Miranda comenta que, considerando a filosofia da integração que nos parece um processo irreversível e que exige uma preparação diferente, quer do professor do ensino regular que deverá assumir maior responsabilidade quanto ao ensino da criança com necessidade educativa especial, quer do professor de educação especial que deverá assumir um papel mediador, consultor e de apoio técnico pedagógico, ou seja, suporte.
Isto é, ter conhecimentos de técnicas de procedimentos específicos em cada situação, não quer dizer que o professor tenha que dominá-los. Entretanto, o mínimo que se espera de um autentico professor, é que ele seja um estudioso e pesquisador permanente, perspicaz e ativo, atento às atitudes do aluno e ter a convicção de que ele (aluno) é o maior meio de informações sobre si mesmo. Em outras palavras, se o professor for realmente um educador não terá dificuldade para isso pois, o verdadeiro educador é aquele que se preocupa com o sujeito na sua totalidade, pois lida com o que há de mais importante para o alicerce de uma qualidade de vida, a educação.
Portanto, o foco deve ser este aluno com necessidade educativa especial e não atendimento especializado, ou o profissional que desempenha essa função. Se isso acontecer, estaremos reforçando e valorizando as suas incapacidades, limitações e deficiências, colocando em cheque à acessibilidade a todo processo educativo.        

5 comentários:

  1. Analisando este texto, a preocupação em relação a inclusão torna-se maior ainda porque penso que o professor não está preparado para receber um DV em sala de aula. Não se percebe a busca de informações dos mesmos para aprender o Sistema Braille, por exemplo, com a expectativa de um dia receber um DV. Também como agir com essa deficiência no espaço escolar, a receptividade dos colegas, a maneira correta de ensiná-lo, etc.Concordo que o verdadeiro educador é aquele que está sempre inquieto na busca de conhecimentos, novas técnicas e inovações para enriquecer seu trabalho, mas a caminhada é longa em relação ao tema abordado e os passos ainda são muito lentos. Com isso não quer dizer que sou pessimista, mas realista diante da realidade escolar atual. Angela Santana

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  2. Alfabetização - uma reflexão necessária!

    Diante deste tema, podemos realizar uma observação de que ainda existem muitos obstáculos a serem vencidos, mas é possível através de uma educação inovadora.Sabemos que a Alfabetização dos deficientes visuais é uma prática árdua onde pode ser diagnosticada as principais dificuldades deste educando.
    Deve-se lembrar que o Deficiente Visual tem limitações assim como qualquer outro aluno, sendo assim uma necessidade , inserir este deficiente no ensino regular visando seu crescimento intelectual, cultural e social cabe ao educador procurar caminhos , formas de transmitir esse ensino que é Alfabetizar.
    A escola como lugar de ensino precisa incentivar os professores, depositar neles a confiança de que são capazes de fazer o seu trabalho promovendo interação entre ambos.
    Esse processo de aprendizagem é um trabalho minucioso onde o educador deve buscar fontes de consultas que fundamentem essa prática, tendo em vista a busca de soluções para os problemas e dificuldades encontradas, no decorrer da alfabetização do aluno deficiente visual.
    É imprescindível que os professores reavaliem os objetivos e metas a serem alcançadas a fim de que realmente haja uma ação educativa eficaz, sendo assim é preciso muito estudo e nova conduta , afinal os deficientes necessitam e precisam compartilhar o saber é importante promover debates , mudanças e inovação no meio educacional fomentando assim recursos , métodos, técnicas adequadas que enriquecerão e mudarão a vida do educando e do docente.


    Acessibilidade!

    Acessibilidade palavra que muitas vezes é difícil de ser interpretada , mas não impossível, cabe a nós educadores promover esta acessibilidade , buscando conhecimento, meios e alternativas viáveis que auxiliem e modifiquem o mundo deste DV, pois eles tem direitos iguais. Deve haver um preparo dos educadores para que esta criança tenha percepção do mundo que haja verdadeiramente a aprendizagem através de experiências e vivências , onde se possa chegar chegar a objetivos claros.Para que isto ocorra o educador deve assumir responsabilidade de se tornar um transformador de opiniões e um mediador de conhecimento, quebrando barreiras e disseminando a real acessibilidade em todo âmbito educacional.

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  3. O texto mostra que o trabalho com as crianças DV é necessários vários cuidados na educação ela é feita pelo tato e que devemos transmitir segurança, para que ela se torne autônoma e ajudar descrevendo para deixá-lo construir um mapa mental. O docente deve estar preparado para atender crianças e adultos... Deficientes o professor deve ser um mediador, um consultor de apoio técnico pedagógico. Mas na realidade são poucas pessoas aptas a trabalhar com as pessoas deficientes.
    Aluna. Caroline de Castro V.

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  4. realmente tem que haver um preparo
    mas isso vai do professor(se quer ser preparado para lidar com DV).
    precisamos de professores preparados!
    hoje talves não haja tantos DV em uma classe
    mas e os que estão hoje? não precisam de um professor preparado?claro que precisam!

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